28 Dec 2004


Fotografia de: Sílvia Padrão


"Morrerei Simão, morrerei. Perdoa tu ao meu destino... perdi-te... Bem sabes que sorte eu queria dar-te... e morro, porque não posso, nem poderei jamais, resgatar-te. Se podes, vive (...)"


Camilo Castelo Branco, in Amor de Perdição, carta de Teresa para Simão

13 Dec 2004

Se Podes...


Fotografia de: Sílvia Padrão


"Se podes olhar, vê.
Se podes ver, repara."


José Saramago, in Ensaio Sobre a Cegueira, Livro dos Conselhos/b>

9 Dec 2004

Espírito do Amor


Fotografia de: Sílvia Padrão


"(...)-Dorme em paz, porque o espírito do amor reina e governa e porque, ao admitires no teu coração apaixonado(...)ficaste desligado, por motivos que te serão revelados no céu(...)"


Edgar Allan Poe, in Contos Fantásticos

6 Dec 2004

Segredos


Fotografia de: Sílvia Padrão


"(...)O parto é uma mentira: nós não nascemos nele. Antes, já estamos nascendo. A gente vai acordando no antecedente tempo, antes mesmo de nascer. É como a planta que, no segrdo da terra, já é raiz antes de proclamar seu verde sobre o mundo(...)


Mia Couto, in A Varanda de Frangipani

25 Oct 2004

Voltados para o Mar


Fotografia de: Sílvia Padrão


"(...)Era uma vez uma casa branca nas dunas, voltada para o mar. Tinha uma porta, sete janelas e uma varanda de madeira pintada de verde.(...)


Sophia de Mello Breyner Andresen, in A Menina Do Mar

19 Oct 2004

O Mar


Fotografia de: Sílvia Padrão


"(...)O mar descobriu-os sem sequer os olhar, com o seu contacto frio derrubou-os e anotou-os de passagem no seu livro de água.(...)


Pablo Neruda, in Uma Casa na Areia, poema O Mar

15 Oct 2004

As Flores de Estufa e as Outras


Fotografia de: Sílvia Padrão


"(...)Infelizmente, as flores de estufa saíam pouco, porque tinham medo de se constipar. À noite, quando as outras flores passeavam, as flores de estufa ficavam em casa.(...)


Sophia de Mello Breyner Andresen, in O Rapaz de Bronze

13 Oct 2004

A chuva Que Aí Vem


Fotografia de: Sílvia Padrão


"(...)Se da Chuva toda a gente
Não precisasse, por bem,
Diziam rapidamente
Que não interessa a ninguém.(...)


António Cardoso Moreira, in Versos Diversos Mas Não Perversos

11 Oct 2004

Raios de Luz


Fotografia de: Sílvia Padrão


"noutros tempos
quando acreditávamos na existência da lua
foi-nos possível escrever poemas e
envenenávamo-nos boca a boca com o vidro moído
pelas salivas poibidas - noutros tempos
os dias corriam com a água e limpavam
os líquenes das imundas máscaras

hoje
nenhuma palavra pode ser escrita
nenhuma sílaba permanece na aridez das pedras
ou se expande pelo corpo estendido
no quarto do zinabre e do álcool - pernoita-se

onde se pode - num vocabulário reduzido e
obsessivo - até que o relâmpago fulmine a língua
e nada mais se consiga ouvir

apesar de tudo
continuamos a repetir os gestos e a beber
a serenidade da seiva - vamos pela febre
dos cedros acima - até que tocamos o místico
arbusto estelar
e
o mistério da luz fustiga-nos os olhos
numa euforia torrencial


Al Berto, in Horto do Incêndio, vestígios

9 Oct 2004

... Mas Tu Não


Fotografia de: Sílvia Padrão


"Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os Outros têm medo mas tu não.

Porque os Outros são túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.


Sophia de Mello Breyner Andresen, poema PORQUE

Outono


Fotografia de: Sílvia Padrão


"(...)deixa a árvore das cassiopeias cobrir-te
e as loucas aveias que o ácido enferrujou
erguerem-se na vertigem do voo - deixa
que o outono traga os pássaros e as abelhas
para pernoitarem na doçura
do teu breve coração - ouve-me

que o dia te seja limpo
e para lá da pele constrói o arco de sal
a morada eterna - o mar por onde fugirá
o etéreo visitante desta noite.(...)


Al Berto, in Horto de Incêndio

7 Oct 2004

Um Milagre Só Para Mim


Fotografia de: Sílvia Padrão


"(...)Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim,
A tua beleza aumenta quando estamos sós
E tão fundo intimamente a tua voz
Segue o mais discreto bailar do meu sonho,
Que momentos há em que eu suponho
Seres um milagre criado só para mim.(...)


Sophia de Mello Breyner Andresen, poema Mar Sonoro

6 Oct 2004

Ondas


Fotografia de: Sílvia Padrão


"(...)Era uma praia muito grande e quase deserta onde havia rochedos maravilhosos. Mas durante a maré alta os rochedos estavam cobertos de água. Só se viam as ondas que vinham crescendo do longe até quebrarem na areia com um barulho de palmas.(...)


Sophia de Mello Breyner Andresen, in A Menina do Mar

Nunca só


Fotografia de: Sílvia Padrão


"(...)O velho vira muito peixe graúdo. Vira muitos que pesavam mais de quinhentos quilos, e pescara já dois dessa envergadura, mas nunca só.(...)


Ernest Hemingway, in O Velho e o Mar

Obstáculos


Fotografia de: Sílvia Padrão


"(...)Juliet: My only love sprung from my only hate!
Too early seen unknown, and known too lateg!
Prodigious birth of love it is to me,
That I must love a loathed enemy.(...)


William Shakespeare, in Romeo & Juliet

5 Oct 2004

Tímido Olhar


Fotografia de: Sílvia Padrão


"(...)Quando, de manhã, Baltasar acordou, viu Blimunda deitada ao seu lado, a comer pão, de olhos fechados. Só os abriu, cinzentos àquela hora, depois de ter acabado de comer, e disse, Nunca te olharei por dentro.(...)


José Saramago, in Memorial do Convento

Flôr Recém-Nascida


Fotografia de: Sílvia Padrão


"(...)Então tudo no jardim estremece e as grandes tílias e os velhos carvalhos e as flores recém-nascidas e as relvas e as borboletas dizem:
-É Primavera! É Primavera!(...)


Sophia de Mello Breyner Andresen, in O Rapaz de Bronze